segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Aconteceu com uma amiga II, a missão.



Amo muito essa amiga. Deve ser porque ela é das minhas. Tem um dedinho arrebatadoramente podre. Muitos anos depois do episódio do espelho de motel, ela namorava uma rapaz há algumas semanas. Eu o achei meio estranho desde o início, mas, como também sempre ouvi muitas críticas aos meus eleitos e estas nunca surtiram muito efeito, optei por me calar.

No entanto, um bom faro não deixa a desejar... Era sexta feira, ela foi ao salão se embelezar para o programa combinado para aquela noite. Dito e feito, de unhas pintadas e depilação caprichada (só nós mulheres sabemos o sofrimento pelo qual passamos com a finalidade de deixarmos nossas virilhas e adjacências do jeitinho que eles gostam), a minha querida amiga foi ao encontro do moço.

Sempre muito gentil, ele levou a senhorita para jantar e depois de uma agradável refeição foram para a residência dele. Como era de se esperar iniciaram o processo de cópula. Peça após peça, foram ficando com vieram ao mundo. Só faltava a calcinha, cuidadosamente escolhida na gaveta para ser retirada naquele momento. Quando aconteceu o inimaginável:

- Gatinha, essa sua depilação está meio assimétrica, está mais pra direita!

Esse namoro não durou muito. Sorte a dela!

Samantha J.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

O relógio

Há algum tempo estou sem postar nenhuma nova história. Infelizmente, estava coletando novos e dantescos episódios para minha biografia.

Mas ontem, algo que ouvi (e que por hora não vou narrar, mas podem ter certeza que o protagonista do caso terá seu espaço – muito merecido - aqui nesse blog) me fez ter vontade de sentar em frente ao computador e relatar um dos fatos ocorridos com esta sofredora que vos fala.

Tenho o estranho hábito de viajar pra longe e conhecer criaturas que moram bem perto de mim. Lá no nordeste encontrei, por acaso no dia do meu aniversário, – ah, que presente do Deus que desenha as coisas – uma pessoa que compôs uma música que não direi qual é e que mora aqui na Cidade Maravilhosa. Vou, porém, dar uma pista: a canção em questão é muito popular e de gosto duvidoso. E sorte de vocês, queridos leitores, eu não reproduzir aqui os seus versos, pois durante as próximas horas estariam cantarolando-os, e mesmo que tentassem se livrar da primorosa rima, não seriam capazes.

Além do curioso costume citado acima, tenho também a sina de atrair músicos, esses seres de vida errante que não são capazes de relacionar-se normalmente com as mulheres (tudo bem, sei que estou generalizando, mas a minha experiência não me permite pensar de outra forma).

Bom, estava eu lá, na tal cidade histórica nordestina, comemorando mais um ano de vida, e conheci este rapaz. Totalmente diferente do tipo físico ao qual eu me acostumara (nunca fui fiel aos de padrões de beleza), mas de aparência bem aprazível. Apesar do receio de depois de velha contrair piolhos, por conta dos seus cabelos com penteado(?) jamaicano, não ofereci resistência quando ele se aproximou para uma conversa.

Depois de chegarmos à conclusão que morávamos perto um do outro e outras cositas mais, vivemos dias de intenso romance. Além de se mudar para a minha pousada, me apresentou toda a família e amigos. Ele tinha que ir embora de sua terra natal, mas antes de partir fez juras de amor: que dia eu estaria de volta ao Rio? Pois ele viajava muito, mas em breve estaria lá para sermos felizes para sempre.

Um par de meses se passou. E finalmente o moço resolveu ligar.

-Demorei pra ligar porque perdi seu telefone.

Até agora não entendi como achou. Mas, como fiquei muito surpresa com a aparição, resolvi dar uma chance ao indivíduo. Encontramo-nos num sábado à noite, ou melhor, madrugada de domingo. Pois é, ele se atrasou um pouco.

Alguns dias depois ligou de novo, como era sexta-feira véspera de carnaval não marquei um local para o encontro, pois a folia é sagrada. Ficamos de nos falar mais tarde, e quem sabe nos vermos entre um bloco e outro. Não apareceu. Só deu as caras dias depois dos festejos populares e no insólito horário de três da manhã. Eu estava dormindo, e logicamente não aceitei a sua oferta de ir à minha casa.

Comecei então a achar seus horários meio estranhos. E a desconfiar que ele não fosse tão disponível como parecia lá na linda cidade nordestina.

Passados vários dias ele voltou a se manifestar. Dessa vez em uma hora aceitável.

-Tô saindo de casa pra te encontrar.

Tomei banho, me vesti, passei perfume. E os ponteiros do relógio rodando, rodando, rodando... Até hoje ele não chegou!



Samantha J.

domingo, 5 de outubro de 2008

O bonzinho piegas

O episódio que vou relatar já aconteceu há alguns meses, mas custei a compartilhar por medo de o rapaz que o protagonizou se reconhecer aqui e sentir-se ridicularizado. O moço, definitivamente, (como diria Cléo Pires) "é um fofo" e não merece. Mas a história é muito boa, não deu pra segurar. Moço fofo, sorry. Caso leia o post, não se revolte, tá? Continuo te achando muito bacaninha... Mas que mandou mal, isso mandou. Bem, vamos ao caso:

A coisa se deu em meados do ano passado. Estava em crise com um ex-peguete fixo, daqueles problemáticos, e decidi dar condição para um admirador antigo, daquele tipo ligou-levou. Um rapaz bonitinho, do tipo bom caráter, galanteador... Tudo que eu precisava para inflar meu ego, a essa altura totalmente detonado pelos vacilos constantes do ex-peguete fixo.

E depois de um convite cara-de-pau, lá fui- numa noite de friozinho muito propícia a início de romance- tomar um vinho ou outra birita qualquer com o rapaz. Ficamos num barzinho bacana, praticamente vazio, tomamos uma caipirinha sensacional, conversamos horas... e ele, como era previsível, me tascou um beijão daqueles no fim das contas.

E saímos de lá lépidos, fagueiros e saltitantes, sob o efeito da caipirinha o do "beijão daqueles". Assim caminhávamos pelas ruas de um bairro da zona sul da cidade quando me deparo com uma casinha bucólica, cheia de chaves de ferro penduradas na porta. E foi nesse momento que o rapaz conseguiu estragar tudo: da minha esperança de tirar da cabeça o ex-peguete fixo problemático ao efeito da caipirinha, que tornava tudo mais colorido. Vejam o diálogo:

Eu: "Nossa, que casinha legal! Olha só, ela tem chaves penduradas na porta"
Ele: "Por falar nisso... e você? Quando vai me dar as chaves do seu coração?"


Nãããããããããão!!!! Por que, meu Deus???? Por que os bonzinhos têm que ser chatinhos? Por que só os filhos da puta, os galinhas, os que cagam pra você e furam quando marcam um encontro nunca falariam uma pieguice dessas? Sinceramente... não fosse eu tão fissurada no sexo oposto, sucumbiria à campanha de umas amigas gays que andam querendo me converter. Homens, ô raça!

Maísa K.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

A grávida

Você está passeando com uma criatura do sexo masculino, com o qual tem uma relação amorosa ou apenas libidinosa. De repente, encontram uma amiga, ou pior ainda, uma desconhecida numa fila ou num balcão de padaria. E o seu acompanhante, muito simpático e falastrão, pergunta à moça, que está grávida:

- É menino ou menina?

A gestante sorri e responde:

- É menina!
- Menina é muito bom! Quanto mais mulher no mundo melhor! O problema de ter filha, pro pai, é que ele vira fornecedor!
– retruca o rapaz, enquanto ri da sua própria “piada”.

Enquanto isso, a grávida com um sorriso amarelo no rosto pensa:

- Que babaca!

E você, com a face ruborizada pensa:

- Esse mulherengo filhodaputa é mesmo um babaca! O que eu estou fazendo aqui?

Você, querida leitora, já passou por essa situação constrangedora? Se a resposta for positiva não se sinta sozinha.

Fique sabendo que comigo também aconteceu. Exatamente assim, duas vezes, cada uma com um sujeito. O segundo deles ainda completou:

- Eu sei porque tenho uma filha!

Já o primeiro, um mês depois de eu ter passado pelo mesmo caso com o seu sucessor, estava na maternidade em função do nascimento da sua primogênita.

Samantha J.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Mais uma cantada chula

Definitivamente, como disse em outro post, eu tenho dedo podre até mesmo quando não o aponto para ninguém. Além de não saber escolher os cidadãos com os quais me relaciono, tenho mesmo imã pra abordagens chulas. E o que é pior: sou vítima de reincidentes no crime. Lembram do ser humano que me propôs "botá isso aí pra jogo"?

Pois é... Quando acreditava que o sujeito já tinha ido para o universo dos encostos despachados, eis que ele ressurge. E com tudo, pra provar que grosseria e falta e noção são virtudes que alguns indivíduos só aprimoram com o passar do tempo. O fato é que o moçoilo fez aniversário e me convidou para a festa. Não fui, é claro! No entanto, como sou moça educada, deixei um recado felicitando o rapaz, agradecendo o convite e perguntando, despretensiosamente, algo como "e a festa, foi legal?" Eis que recebo a seguinte resposta (Ipsis litteris):

Poxansssss... obrigado pelo parabéns... mas ae , faltou vc aki... nem pude pôr a comida na panela... muita linguiça... hahahahhahah Senti sua falta aki.. fica me devendo, ok? Um chopinho... beijaummm

E cadê a cantada chula? Que problema há na resposta do rapaz?, perguntarão alguns. Além do vocabulário miguxês, nenhum, responderia eu. Não fosse o fato de o meu apelido- na turma da qual o referido sujeitinho faz parte- ser "Panela".

Por Maisa K.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Participação especial

A nossa primeira colaboradora, Teodora T. Amiga querida, que não tem dedo podre, mas também não pode dizer seja a menina do dedo verde!

Foi a pimenta
Pode ter sido a pimenta no molho do macarrão. Eu não gosto de pimenta, mas coloquei mesmo assim, porque achei que o outro gostasse.
Também peguei os pratos de porcelana chinesa, os talheres bonitos, arrumei e limpei toda a casa.
Comprei cerveja, passei perfume, passei pó compacto. Sim, pó compacto. Quando nos conhecemos eu era rata de praia, e agora sou gente grande e tenho que disfarçar minha palidez com pó compacto.
Fiz até depilação.

Só não ensaiei o que dizer, pois isso nunca deu certo comigo (será que já deu certo com alguém?).Correu tudo bem, embora a visita, assim como eu, também não gostasse de pimenta. Não fui elogiada por meus dotes culinários (eu juro que sou boa nisso), mas não sobrou nada no prato. Resolvi me contentar.

A conversa, como sempre, fluiu muito bem. É verdade que as gargalhadas, comuns em nossos bate papos, foram menos frequentes. Mas dessa vez conversamos sobre coisas mais sérias. E eu achei isso bom.

A visita falou muito mais do que me ouviu. Mas eu acho que a visita só se fez visita porque tava mesmo querendo conversar. E eu ouvi, com atenção. Estava muito interessada em tudo o que aquela pessoa bonita queria me dizer.

Agora eu sei de muitas coisas: teve infância problemática; quer casar e ter filhos, mas só depois dos 30; não é fiel; desenha como poucos; e toca também; tem um cachorro vira-latas com um nome engraçado (mas isso eu já sabia); os óculos são para enxergar de longe; teve um amigo que se jogou pela janela; não namora há dois anos; só ronca quando não dorme de barriga para cima; gosta de ficar mais uns minutinhos na cama; e é bonito, como é bonito.... pensa que não é mais, mas é, quando eu abri a porta de casa pensei: "não acredito que essa pessoa bonita está aqui, na minha casa!".

O beijo é bom, o abraço é de verdade.
Foi embora e eu achei que estava tudo certo. Não fiz planos, juro que não fiz. Não achei que fôssemos virar "melhores amigos de infância", tampouco pensei em casar e ter filhos.

Para não dizer que não fiz planos, a única coisa que imaginei foi que se eu o encontrasse naquela noite, eu daria nele mais um abraço de verdade. Porque a visita é uma dessas pessoas que a gente tem vontade de abraçar forte e dar muito carinho.

Mas o plano não deu certo.A gente se encontrou naquela noite, demos um meio abraço (desses de um braço só) e trocamos dois dedinhos de prosa, amenidades. Depois a visita, que já não era mais visita, saiu. Assim, saiu saindo. Sem dizer nada, como se eu não estivesse ali.
Não me deu tchau, não olhou para mim, só saiu. Foi conversar com um amigo.

E então eu fico me perguntando: "onde foi parar a gentileza, minha gente?".
Tá certo, ele não gosta de pimenta. Mas e desde quando isso é motivo para deixar uma pessoa no vácuo?Então a pessoa insiste para vir na minha casa, vem até aqui, come da minha comida (tinha pimenta, mas foi feita com muito carinho), toma banho no meu banheiro, dorme na minha cama, ao meu lado, e quando me encontra de noite faz como se eu fosse uma mera conhecida?

Essa semana eu li um texto que dizia: "É elegante a gentileza...Atitudes gentis, falam mais que mil imagens."

Foi isso, faltou gentileza. E não tem jeito, não há beleza ou roupa bonita que compense quando, na alma, falta classe.
A decepção foi grande.
Ainda bem que não teve sexo."

Teodora T.

domingo, 20 de abril de 2008

O telefone

Volta e meia paro pra refletir sobre uma antiga questão que angustia a alma feminina desde a segunda metade do século XIX, quando Alexander Graham Bell inventou certo aparelho que viria a facilitar imensamente a comunicação entre as pessoas. Se não vai ligar, pra que diabos pega o número do telefone? Durante uma dessas reflexões recordei-me de um caso que me aconteceu há vários anos e que aqui relato para vocês.

Estava eu um chorinho com algumas amigas em plena segunda-feira, quando adentra o recinto um amigo de uma delas que estava com um amigo. Amigo do amigo da amiga este que ficou atraído pelos meus incontáveis encantos, e eu pelos dele. Em pouco tempo, já havíamos esquecido o mundo à nossa volta e num canto do bar, nos intervalos entre um beijo e outro, conversávamos sobre as nossas vidas. E assim foi passando a noite. Quando os músicos já tinham parado de tocar e já tínhamos todos os quadradinhos da fileira de cerveja riscados em nossas cartelas de consumo, nos vimos obrigados a ir embora. Foi nesse momento, que a pessoa pela qual eu passaria os próximos 365 dias da minha vida perdidamente apaixonada pediu meu telefone. Eu, trôpega, devido à quantidade exagerada de álcool no cérebro e em todo o resto do corpo, dei um número de celular.

Quando cheguei em casa, estava comendo alguma coisa na cozinha, afinal não se vive só de lúpulo e cevada, e meu irmão mais novo acordou.

- Qual o número do meu celular? – perguntei para o rapazinho que bebia um copo de água ao meu lado.

Ele articulou a seqüência de algarismos que fazia soar meu aparelho. Nesse momento me desesperei. Eu tinha bebido tantas cervejas que tinha errado o número do meu próprio telefone! Não acreditava naquilo, tinha conhecido o meu muso inspirador e por minha culpa, ele jamais poderia me ligar e me chamar pra sair!

No dia seguinte, amargando aquela ressaca, fui encontrar meus amigos na praia (bons tempos aqueles...). O muso também estava lá e fui tratando rapidamente de fornecer-lhe a combinação correta de números com a qual ele poderia me localizar.

Mal sabia eu que ele não pretendia fazer uso do aparelho de Bell.

Passamos um ano nos relacionando ocasionalmente. Freqüentávamos o mesmo ponto da orla carioca e os mesmo bares, aos quais eu ia assiduamente, na esperança de encontrá-lo e cair em seus braços. Algumas vezes eu conseguia atingir o meu objetivo, muitas outras não.

Já no final desse ano, em determinada sexta-feira, eu estava em casa decidindo se levantava da cama para ir a uma festa ou continuava dormindo. Pois é, aquela peregrinação diária pelos bares estava me cansando, aliás, nem sei como sobrevivi a essa época, em que a boemia estava totalmente arraigada ao meu ser. Estava inclinada a me entregar a Morfeu, a festa era longe, eu ia ter que dirigir até lá, e a tarefa de perseguir o muso já estava se tornando enfadonha. Aí o telefone tocou.

- Samanthinha, sou eu, o muso! Você vai à festa?
- Vou, claro!
- Você me dá uma carona?

Levantei da cama imediatamente, feliz da vida para me arrumar para a tal festa. Afinal, depois de meses de encontros fortuitos, finalmente o muso tinha me ligado e me chamado pra sair. Foi assim que, apaixonada, enxerguei aquela ligação.

Mas naquela mesma noite eu ia acabar caindo na real. É triste encarar os fatos, mas a única vez que ele me ligou foi para pedir uma carona!

Samantha J.

sábado, 19 de abril de 2008

Botando pra jogo

Galinhagem, nenhuma vontade de assumir relacionamentos sérios... Besteira! O principal defeito dos homens da minha geração é a total falta de sutileza. Não sou exatamente uma virgem puritana, mas em determinadas ocasiões, o linguajar "peão de obra", definitivamente, afasta qualquer possibilidade de aproximação.Vejam a sensacional cantada da qual fui vítima certa vez.

Toda mulher tem um fã. Um daqueles apaixonados incansáveis, que continuam babando por nós mesmo depois de uma sucessão de passa-foras e desculpas esfarrapadas para recusar convites. E como eu não sou exceção, carrego uma cruz dessas em minha vidinha. Por sorte, essas pragas são como um vírus incubado. Se manifestam de vez em quando para depois amargarem um longo período de inércia. Enfim... são uma praga cíclica. E para meu infortúnio, a minha praga reapareceu dia desses. E em grande estilo!!Foi uma manifestação telefônica, menos grave do que uma visitinha surpresa, mas ainda muito desagradável. Principalmente quando acontece às 11h da noite de uma sexta-feira em que você não está pra noitadas e já está, inclusive, paramentada com aquela roupinha mulambenta que só usa para dormir desacompanhada. E se eu não estava preparada para emoções naquela noite, imaginem para ouvir a seguinte proposta:

-E aí? Tô no bar...! Vem pra cá agora! (assim mesmo, sem dar nem boa noite, com voz de bêbado)
-Não dá, tô dura
-Quem falou em dinheiro?
-Tô com sono
-Nisso 'a gente' dá um jeito (assim mesmo, na terceira pessoa, igual a jogador de futebol)

Eu, já sentindo que as desculpas esfarrapas de sempre não iam colar, mandei logo um incisivo "não rola"! Piorei a situação! Ao invés de demover o indivíduo da idéia, encorajei o figura. Porque só mesmo um cidadão com muita coragem- e cara de pau- para fazer uma proposta dessas pra uma mulher:

-Maisa, vamos falar diretamente. Você tá namorando?

Medo! Respirei fundo e respondi:
-Não exatamente... mas estou com meus pensamentos ocupados, se é que me entende...
-Não interessa! (elevando o tom de voz). Quero saber se é oficial, namoro mermo!
-Não, disse eu, pra lá de reticente.

Foi a deixa. Era informação suficiente pra ele fazer a indecorosa e inacreditável proposta:

-Ah! Então pára de frescura e vamo botá isso aí pra jogo!

Acreditem! O gentil rapaz me propôs "botar isso aí pra jogo"! (seja lá o que "isso" signifique literalmente, mas que só pode ser o que eu e vocês estamos pensando).

É a reprodução fiel do que ouvi. Não fiz qualquer adaptação para fazer graça. Será que o sujeito já obtivera êxito com outra moça utilizando a tal proposta? Ou será que o moçoilo me enquadra na categoria de mulheres encalhadas-carentes que se sentem lisongeadas com qualquer cantada por puro e simples desespero?

Esse episódio lamentável só me leva a concluir que tenho dedo podre até quando não o aponto para ninguém!

Maisa K.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

O Vegetariano

O moçoilo, à primeira vista, parecia um príncipe! Mas não resistiu a um olhar mais atento e se revelou um sapo mais cedo do que eu esperava. Pra dizer a verdade, acho que a culpa foi até minha, porque eu tenho uma tendência a ser, digamos, otimista demais. Vejo que o cidadão é mala ou pela saco e dou crédito assim mesmo, por achar que o ser humano sempre é passível de salvação. Tolinha, eu! Quase 30 na cara e ainda não aprendi... Bem, vamos ao causo.

O personagem em questão, como sabem, parecia um príncipe. Era inteligente (embora gostasse de Diogo Mainardi), gentil, e esteticamente interessante. Por isso ignorei os primeiros sinais de potencial pela-saquice como o fato de o bonitão não beber (nada, nem aquele golinho do brinde), não comer carne e não gostar de samba. Enfim... Ninguém é perfeito, pensei eu. O problema, porém, é que com o passar do tempo fui constatando que não era só a carne bovina que o meu príncipe dispensava. Tenho motivos fortes para afirmar: o rapaz também não me parece muito chegado à carne humana. E entre estes indícios, um dado estatístico inquestionável: nos quatro meses em que durou o romance, só tivemos um, digamos assim, momento de intimidade uma única vez! Isso mesmo. Umazinha só! Falta de oportunidade, devem estar pensando alguns leitores. Você dificultava pro rapaz, imaginarão outros. Mas está longe disso. Eu sou uma moça decidida e sem pudores para tomar iniciativas. E foi com essa falta de pudores e a cabeça povoada de pensamentos pecaminosos que eu escolhi um vestidinho azul com um decote sugestivo para sair com ele num sábado.

Lua cheia no céu, a família viajando e a casa só pra mim... Tudo propício, né? Seria, se o bonitão não tivesse feito o favor de colocar todos os meus planos por água abaixo. E ao contrário do que diz aquele ditado racista, o cidadão não fez a merda só na saída não. Já estreou bem, me pegando às 6h da noite (???) e me levando para um romântico... RODÍZIO DE MASSAS!!!! Pulta quil pariu! Nada contra massas (minha silhueta um tanto generosa, aliás, deve-se em parte a elas). Mas vocês hão de convir que se empanturrar de canelone não é muito aconselhável antes de certas atividades, se é que me entendem. Além disso, que clima romântico resiste a um lugar barulhento, cheio de crianças brincando de esconde-esconde sob as mesas, sob a trilha sonora de "parabéns pra você", cantados em versões engraçadinhas a cada cinco minutos naquelas mesas de aniversariantes lotadas?

Pois é... Mas quando eu estou in love, quase nada me abala. Abstraí tudo e, é claro, comi pra cacete. Mas nem o fato de ter ficado com a barriga cheia a ponto de mal conseguir respirar impediu que eu fosse embora dali cheia de amor pra dar...Porém, a recíproca não era verdadeira. Leitores, creiam: o bonitão foi me deixar em casa (onde eu estava sozinha, vale lembrar) às 11h da noite e se despediu no carro mesmo. Nem os meus nada discretos convites para uma subidinha o seduziram. Disse que tinha que acordar cedo para meditar ou algo assim, num tal grupo filosófico lá, do qual ele era adepto. E o pior: não era desculpa esfarrapada, uma vez que o moçoilo me ligou quando chegou em casa e engatou uma conversa de meia hora! Ou seja: não foi comer outra! Olha... eu acho até que se fosse esse o caso, eu perdoaria. Mas me deixar lá, toda solícita, pra ir se concentrar para uma meditação ou algo parecido é demais, né não? Será que meu vestido azul não agradou??

Maisa K.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Aconteceu com uma amiga!

Após a cópula, o casal está esparramado na cama do motel. O ambiente é como na maioria dos motéis razoavelmente bons, propício ao intenso interesse sexual entre as partes. Meia luz, algumas latinhas vazias de cerveja, filmes pornográficos passando na televisão, um colchão confortável, banheira de hidromassagem e aquela pista de dança esdrúxula que ninguém nunca entendeu por que estava ali (se quisessem dançar tinham ido a uma boate, e não ao motel).

Os espelhos no teto e nas paredes refletem os dois corpos lânguidos e bem esculpidos por muitas horas nas suas respectivas academias de ginástica.

A moça é muito bem apanhada e tem uma retaguarda de respeito. Enquanto faz cafuné no jovem com músculos bem definidos deitado ao seu lado, ouve a seguinte frase:

- Aê, gata! Tô olhando a gente no espelho e tô me ligando numa parada, a minha bunda é bem mais sarada que a sua.

Samantha J.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Domingo...

Um domingo como muitos outros. Com um churrasco, cerveja nem sempre muito gelada, amigos e música. Acontece que algo raro se operava no meu ser: nesse fatídico dia de descanso, eu não quis beber. E como é uma tarefa enfadonha agüentar bêbados sem ser um deles... Deixei meu querido namorado à época em meio aos amigos e me retirei.

Tudo teria ocorrido muito normalmente, se eu não tivesse deixado de notar uma pessoa estranha em meio aos muitos amigos, uma rapariga de índole duvidosa (note que o termo rapariga aqui é usado no significado nordestino da palavra, e não no lusitano). Como meretriz que se preza gosta de homens comprometidos e canalhas, esta em questão farejou o meu ex-namorado. Enquanto eu dava uma dormidinha na casa dele a pouquíssimos metros do evento, o cretino embriagava-se e deixava-se enredar pelos encantos da moça, nem tão moça e nem um pouco encantadora, diga-se de passagem.

Como depois de passar algumas horas nos braços de Morfeu já tinha visto um longa metragem inteiro e nada do digníssimo voltar para casa, liguei para o seu celular.

- Cadê você, meu amor?
- Zaqui a pouco estou aí, só vamos tomarrrr uma saideira na esssssquina.

Como eu também sou um pouquinho boêmia, entendi.

Segundos depois tocava a campainha. Era a dona do churrasco, que passava para deixar os CDs que o calhorda tinha levado para colaborar com a trilha sonora. Pois como boa parte dos músicos, além de ser um calhorda tem um bom acervo musical.

- Nós estamos indo para o bar da esquina, você não quer vir?
- Não. Eu não estou a fim de beber hoje.
- Você tem certeza? Se eu fosse você vinha!

Ela bem que tentou me avisar, mas eu ainda não tinha me dado conta da conjuntura que estava formada: o meu namorado estava quase se atracando com umazinha na frente de vários amigos e no bar que visitávamos com uma freqüência maior (bem maior) que a indicada pelos médicos, enquanto eu esperava por ele amavelmente. Como o tempo continuava passando e nada dele chegar, liguei mais uma vez:

- Cadê você???
- Estamossssss indo pra o Capela.
- Poraaaaaaaaaaa! Eu estou aqui há horas te esperando. Você está indo com quem?
- Com o XXX (nome do amigo) e a mulherrrrrrrr que ele está pegando.

Foi nesse momento que tudo ficou claro! O que eu não queria enxergar desde o início da tarde agora estava ampliado diante dos meus olhos, na verdade ouvidos. Enquanto ele dizia que só tinha uma mulher no carro eu ouvi duas vozes femininas dialogando!
Diante disso, juntei meus trapos, coloquei na mochila e parti decidida a fazer duas coisas: ir até lá dar na cara dele e nunca mais voltar àquela casa. Infelizmente, naquele dia só cumpri a primeira das resoluções.

Chegando ao Nova Capela, reduto da boemia carioca, parei meu carro na calçada e fui abordada por um bêbado que estava por ali e quis aproveitar pra ganhar us trocados guardando o único carro que estava estacionando. Isso mesmo, aos domingos de madrugada até a Lapa pode ser um lugar calmo.
Louca de fúria abri a porta do recinto e imediatamente avistei os dois casais numa mesa no fundo do bar. Não pude controlar o meu impulso agressivo. Arremessei ali da porta mesmo, a minha bolsa (muito bonita, por sinal) contra o tórax do canalha. Quando cheguei perto da mesa, aos berros, o quarteto e todo o resto dos presentes me olhavam atônitos. Gritei ordenando que o cidadão levantasse e viesse ter uma conversinha amigável comigo ali fora.

Quando saí e olhei para trás percebi que o homem tinha virado um rato e se acovardado perante a cólera de uma singela mulher de um metro e meio. Simplesmente não tinha obedecido à minha ordem. Como com uma mulher furiosa e um pouquinho mandona não se brinca...
Voltei até a porta, e enquanto todos os espectadores ainda estavam digerindo, junto com seus cabritos (carro chefe do cardápio do Capela) o escândalo que eu havia feito poucos segundos antes, eu gritei dali para quem quisesse ouvir:

- Você não vai ao menos ser macho de vir aqui fora falar comigo?

Como não havia remédio, pois eu havia acabado de colocar em cheque a sua masculinidade, fazendo um esforço sobre-humano para não tropeçar nas próprias pernas, o bêbado adúltero levantou. Já do lado de fora, depois de levar umas duas ou três (quatro, será?) tapas muito bem dadas e muito merecidas, ele tentava explicar o inexplicável.
Jurava que só tinham três pessoas no carro e que a rapariga (que tinha vindo do mesmo lugar que o resto do grupo infame e não tinha carro) não tinha ido com eles. Aí eu pude imaginar a cena: uma piranha loira e baranga negando uma carona entre bairros para se exercitar um pouco num domingo de madrugada no intervalo entre um chope e outro.

- Encontro com vocês lá! – teria dito ela!

No entanto, apesar de sempre escolher homens errados, eu juro que sou uma mulher inteligente. E essas desculpas esfarrapadas só vieram a aumentar meu ódio.

- Entra no carro agora XXX (o nome do indivíduo). Você vai embora comigo agora!!!

Como eu já dei a entender algumas linhas acima, coragem nunca foi uma grande qualidade do rapaz. Eu bradava vários impropérios enquanto mandava que ele entrasse no automóvel.
Foi aí que o inesperado aconteceu.
O bêbado, que se propusera a guardar o carro em troca de alguns vinténs para comprar mais uma cachaça, não se conteve e intrometeu-se:

- Ô XXX (o nome do tal), entra no carro, cara. Se eu fosse você, entrava...

Quando eu finalmente consegui sair dali, até dei algum trocado para aquele sábio ébrio. Ele mereceu!

Samantha J.