sábado, 19 de abril de 2008

Botando pra jogo

Galinhagem, nenhuma vontade de assumir relacionamentos sérios... Besteira! O principal defeito dos homens da minha geração é a total falta de sutileza. Não sou exatamente uma virgem puritana, mas em determinadas ocasiões, o linguajar "peão de obra", definitivamente, afasta qualquer possibilidade de aproximação.Vejam a sensacional cantada da qual fui vítima certa vez.

Toda mulher tem um fã. Um daqueles apaixonados incansáveis, que continuam babando por nós mesmo depois de uma sucessão de passa-foras e desculpas esfarrapadas para recusar convites. E como eu não sou exceção, carrego uma cruz dessas em minha vidinha. Por sorte, essas pragas são como um vírus incubado. Se manifestam de vez em quando para depois amargarem um longo período de inércia. Enfim... são uma praga cíclica. E para meu infortúnio, a minha praga reapareceu dia desses. E em grande estilo!!Foi uma manifestação telefônica, menos grave do que uma visitinha surpresa, mas ainda muito desagradável. Principalmente quando acontece às 11h da noite de uma sexta-feira em que você não está pra noitadas e já está, inclusive, paramentada com aquela roupinha mulambenta que só usa para dormir desacompanhada. E se eu não estava preparada para emoções naquela noite, imaginem para ouvir a seguinte proposta:

-E aí? Tô no bar...! Vem pra cá agora! (assim mesmo, sem dar nem boa noite, com voz de bêbado)
-Não dá, tô dura
-Quem falou em dinheiro?
-Tô com sono
-Nisso 'a gente' dá um jeito (assim mesmo, na terceira pessoa, igual a jogador de futebol)

Eu, já sentindo que as desculpas esfarrapas de sempre não iam colar, mandei logo um incisivo "não rola"! Piorei a situação! Ao invés de demover o indivíduo da idéia, encorajei o figura. Porque só mesmo um cidadão com muita coragem- e cara de pau- para fazer uma proposta dessas pra uma mulher:

-Maisa, vamos falar diretamente. Você tá namorando?

Medo! Respirei fundo e respondi:
-Não exatamente... mas estou com meus pensamentos ocupados, se é que me entende...
-Não interessa! (elevando o tom de voz). Quero saber se é oficial, namoro mermo!
-Não, disse eu, pra lá de reticente.

Foi a deixa. Era informação suficiente pra ele fazer a indecorosa e inacreditável proposta:

-Ah! Então pára de frescura e vamo botá isso aí pra jogo!

Acreditem! O gentil rapaz me propôs "botar isso aí pra jogo"! (seja lá o que "isso" signifique literalmente, mas que só pode ser o que eu e vocês estamos pensando).

É a reprodução fiel do que ouvi. Não fiz qualquer adaptação para fazer graça. Será que o sujeito já obtivera êxito com outra moça utilizando a tal proposta? Ou será que o moçoilo me enquadra na categoria de mulheres encalhadas-carentes que se sentem lisongeadas com qualquer cantada por puro e simples desespero?

Esse episódio lamentável só me leva a concluir que tenho dedo podre até quando não o aponto para ninguém!

Maisa K.

Nenhum comentário: