segunda-feira, 14 de abril de 2008

Domingo...

Um domingo como muitos outros. Com um churrasco, cerveja nem sempre muito gelada, amigos e música. Acontece que algo raro se operava no meu ser: nesse fatídico dia de descanso, eu não quis beber. E como é uma tarefa enfadonha agüentar bêbados sem ser um deles... Deixei meu querido namorado à época em meio aos amigos e me retirei.

Tudo teria ocorrido muito normalmente, se eu não tivesse deixado de notar uma pessoa estranha em meio aos muitos amigos, uma rapariga de índole duvidosa (note que o termo rapariga aqui é usado no significado nordestino da palavra, e não no lusitano). Como meretriz que se preza gosta de homens comprometidos e canalhas, esta em questão farejou o meu ex-namorado. Enquanto eu dava uma dormidinha na casa dele a pouquíssimos metros do evento, o cretino embriagava-se e deixava-se enredar pelos encantos da moça, nem tão moça e nem um pouco encantadora, diga-se de passagem.

Como depois de passar algumas horas nos braços de Morfeu já tinha visto um longa metragem inteiro e nada do digníssimo voltar para casa, liguei para o seu celular.

- Cadê você, meu amor?
- Zaqui a pouco estou aí, só vamos tomarrrr uma saideira na esssssquina.

Como eu também sou um pouquinho boêmia, entendi.

Segundos depois tocava a campainha. Era a dona do churrasco, que passava para deixar os CDs que o calhorda tinha levado para colaborar com a trilha sonora. Pois como boa parte dos músicos, além de ser um calhorda tem um bom acervo musical.

- Nós estamos indo para o bar da esquina, você não quer vir?
- Não. Eu não estou a fim de beber hoje.
- Você tem certeza? Se eu fosse você vinha!

Ela bem que tentou me avisar, mas eu ainda não tinha me dado conta da conjuntura que estava formada: o meu namorado estava quase se atracando com umazinha na frente de vários amigos e no bar que visitávamos com uma freqüência maior (bem maior) que a indicada pelos médicos, enquanto eu esperava por ele amavelmente. Como o tempo continuava passando e nada dele chegar, liguei mais uma vez:

- Cadê você???
- Estamossssss indo pra o Capela.
- Poraaaaaaaaaaa! Eu estou aqui há horas te esperando. Você está indo com quem?
- Com o XXX (nome do amigo) e a mulherrrrrrrr que ele está pegando.

Foi nesse momento que tudo ficou claro! O que eu não queria enxergar desde o início da tarde agora estava ampliado diante dos meus olhos, na verdade ouvidos. Enquanto ele dizia que só tinha uma mulher no carro eu ouvi duas vozes femininas dialogando!
Diante disso, juntei meus trapos, coloquei na mochila e parti decidida a fazer duas coisas: ir até lá dar na cara dele e nunca mais voltar àquela casa. Infelizmente, naquele dia só cumpri a primeira das resoluções.

Chegando ao Nova Capela, reduto da boemia carioca, parei meu carro na calçada e fui abordada por um bêbado que estava por ali e quis aproveitar pra ganhar us trocados guardando o único carro que estava estacionando. Isso mesmo, aos domingos de madrugada até a Lapa pode ser um lugar calmo.
Louca de fúria abri a porta do recinto e imediatamente avistei os dois casais numa mesa no fundo do bar. Não pude controlar o meu impulso agressivo. Arremessei ali da porta mesmo, a minha bolsa (muito bonita, por sinal) contra o tórax do canalha. Quando cheguei perto da mesa, aos berros, o quarteto e todo o resto dos presentes me olhavam atônitos. Gritei ordenando que o cidadão levantasse e viesse ter uma conversinha amigável comigo ali fora.

Quando saí e olhei para trás percebi que o homem tinha virado um rato e se acovardado perante a cólera de uma singela mulher de um metro e meio. Simplesmente não tinha obedecido à minha ordem. Como com uma mulher furiosa e um pouquinho mandona não se brinca...
Voltei até a porta, e enquanto todos os espectadores ainda estavam digerindo, junto com seus cabritos (carro chefe do cardápio do Capela) o escândalo que eu havia feito poucos segundos antes, eu gritei dali para quem quisesse ouvir:

- Você não vai ao menos ser macho de vir aqui fora falar comigo?

Como não havia remédio, pois eu havia acabado de colocar em cheque a sua masculinidade, fazendo um esforço sobre-humano para não tropeçar nas próprias pernas, o bêbado adúltero levantou. Já do lado de fora, depois de levar umas duas ou três (quatro, será?) tapas muito bem dadas e muito merecidas, ele tentava explicar o inexplicável.
Jurava que só tinham três pessoas no carro e que a rapariga (que tinha vindo do mesmo lugar que o resto do grupo infame e não tinha carro) não tinha ido com eles. Aí eu pude imaginar a cena: uma piranha loira e baranga negando uma carona entre bairros para se exercitar um pouco num domingo de madrugada no intervalo entre um chope e outro.

- Encontro com vocês lá! – teria dito ela!

No entanto, apesar de sempre escolher homens errados, eu juro que sou uma mulher inteligente. E essas desculpas esfarrapadas só vieram a aumentar meu ódio.

- Entra no carro agora XXX (o nome do indivíduo). Você vai embora comigo agora!!!

Como eu já dei a entender algumas linhas acima, coragem nunca foi uma grande qualidade do rapaz. Eu bradava vários impropérios enquanto mandava que ele entrasse no automóvel.
Foi aí que o inesperado aconteceu.
O bêbado, que se propusera a guardar o carro em troca de alguns vinténs para comprar mais uma cachaça, não se conteve e intrometeu-se:

- Ô XXX (o nome do tal), entra no carro, cara. Se eu fosse você, entrava...

Quando eu finalmente consegui sair dali, até dei algum trocado para aquele sábio ébrio. Ele mereceu!

Samantha J.

6 comentários:

Unknown disse...

Sensacional!!!! ... Samanthaa hahaha

Beta Setimi disse...

Muito bom.. hahahahahahahahahahaah

Unknown disse...

Eu tô chocadaaaaaaaaaaaaaaa....me diverti horroresssssssss...fiquei com gostinho de quero mais!

Esse blog promete...

beijos,
Cammy

Gabriel o Pensador disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Gabriel o Pensador disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Gabriel o Pensador disse...

huhauhaua
q issooo
quem manda andar com musico!
e o cara da bunda mais sarada do q a da mulher foi foda!
quem é essa amiga? rsrs
bj, gostei!
gabriel
apaguei os de cima pq tinha te chamado por outro nome samanthinhaaa