segunda-feira, 6 de outubro de 2008

O relógio

Há algum tempo estou sem postar nenhuma nova história. Infelizmente, estava coletando novos e dantescos episódios para minha biografia.

Mas ontem, algo que ouvi (e que por hora não vou narrar, mas podem ter certeza que o protagonista do caso terá seu espaço – muito merecido - aqui nesse blog) me fez ter vontade de sentar em frente ao computador e relatar um dos fatos ocorridos com esta sofredora que vos fala.

Tenho o estranho hábito de viajar pra longe e conhecer criaturas que moram bem perto de mim. Lá no nordeste encontrei, por acaso no dia do meu aniversário, – ah, que presente do Deus que desenha as coisas – uma pessoa que compôs uma música que não direi qual é e que mora aqui na Cidade Maravilhosa. Vou, porém, dar uma pista: a canção em questão é muito popular e de gosto duvidoso. E sorte de vocês, queridos leitores, eu não reproduzir aqui os seus versos, pois durante as próximas horas estariam cantarolando-os, e mesmo que tentassem se livrar da primorosa rima, não seriam capazes.

Além do curioso costume citado acima, tenho também a sina de atrair músicos, esses seres de vida errante que não são capazes de relacionar-se normalmente com as mulheres (tudo bem, sei que estou generalizando, mas a minha experiência não me permite pensar de outra forma).

Bom, estava eu lá, na tal cidade histórica nordestina, comemorando mais um ano de vida, e conheci este rapaz. Totalmente diferente do tipo físico ao qual eu me acostumara (nunca fui fiel aos de padrões de beleza), mas de aparência bem aprazível. Apesar do receio de depois de velha contrair piolhos, por conta dos seus cabelos com penteado(?) jamaicano, não ofereci resistência quando ele se aproximou para uma conversa.

Depois de chegarmos à conclusão que morávamos perto um do outro e outras cositas mais, vivemos dias de intenso romance. Além de se mudar para a minha pousada, me apresentou toda a família e amigos. Ele tinha que ir embora de sua terra natal, mas antes de partir fez juras de amor: que dia eu estaria de volta ao Rio? Pois ele viajava muito, mas em breve estaria lá para sermos felizes para sempre.

Um par de meses se passou. E finalmente o moço resolveu ligar.

-Demorei pra ligar porque perdi seu telefone.

Até agora não entendi como achou. Mas, como fiquei muito surpresa com a aparição, resolvi dar uma chance ao indivíduo. Encontramo-nos num sábado à noite, ou melhor, madrugada de domingo. Pois é, ele se atrasou um pouco.

Alguns dias depois ligou de novo, como era sexta-feira véspera de carnaval não marquei um local para o encontro, pois a folia é sagrada. Ficamos de nos falar mais tarde, e quem sabe nos vermos entre um bloco e outro. Não apareceu. Só deu as caras dias depois dos festejos populares e no insólito horário de três da manhã. Eu estava dormindo, e logicamente não aceitei a sua oferta de ir à minha casa.

Comecei então a achar seus horários meio estranhos. E a desconfiar que ele não fosse tão disponível como parecia lá na linda cidade nordestina.

Passados vários dias ele voltou a se manifestar. Dessa vez em uma hora aceitável.

-Tô saindo de casa pra te encontrar.

Tomei banho, me vesti, passei perfume. E os ponteiros do relógio rodando, rodando, rodando... Até hoje ele não chegou!



Samantha J.

Um comentário:

Gabriela Galvão disse...

"Kill 'em all"!!!

Te falar um negócio: a vontade d afogar uns caras num vaso cheio de... podreiras tem me visitado com mais frequência do que eu gostaria...

Ontem um sacana: "Estou com vontade de te morder."

"E eu de arrancar seu pau a dente!!!"

Assusta ñ; eh brincadeirinha (??!!) e eu ñ sou aquela que pensa que nenhum presta.

Adoro homens e ñ desisto; mas que tah difícil, ô...